Organograma da Rede de Polos de Extensão (REPE). Arte: Luis Henrique/DEX.
Com campi na Asa Norte, Planaltina, Gama e Ceilândia, a Universidade de Brasília ainda tem como objetivo ampliar sua presença no Distrito Federal e Entorno. Foi com essa ideia que surgiram os Polos de Extensão, começando com o da Cidade Estrutural, em 2017. Cinco anos depois, o Decanato de Extensão (DEX) tem Polos também no Recanto das Emas, Paranoá, território Kalunga (que está nos municípios de Cavalcante, Teresina de Goiás e Monte Alegre, em Goiás) e Chapada dos Veadeiros (em Alto Paraíso, Goiás).
É nessa perspectiva de expansão territorial que surge a Rede de Polos de Extensão (REPE), oficializada em abril de 2022. A resolução, aprovada pela Câmara de Extensão (CEX), estabelece a REPE como um Programa de Ação Contínua gerido pelo DEX. A ideia é integrar projetos que já são realizados e estimular a criação de novas propostas. Hoje, 61 projetos atuam nos cinco Polos de Extensão. A Rede deve integrar ações interdisciplinares de extensão, articulada com ensino e pesquisa. O DEX também vai construir acordos com o poder público e a sociedade civil.
O DEX pretende consolidar a expandir os Polos de Extensão como espaços de diálogo entre a UnB e a sociedade, para que possam construir ações conjuntas a partir de demandas territoriais. Esse diálogo vai se dar também através de Fóruns Socioculturais que serão promovidos a partir de junho. O planejamento é de que os Fóruns locais envolvam lideranças comunitárias, gestão pública, setor da educação e outros movimentos representativos das regiões. No mês de dezembro aconteceria um Fórum Geral com todos em diálogo.
“É necessário para que a UnB cumpra seu papel, para promover diálogo efetivo, horizontal: quais são as demandas que são social e culturalmente referenciadas. O que podemos fazer juntos, Universidade e Sociedade?”, diz Rogério Ferreira, diretor de Desenvolvimento e Integração Social do DEX.
INTERAÇÃO – Em março, cada Polo elegeu uma coordenadora para representar os projetos e programas de extensão. Aos coordenadores, cabe articular os projetos desenvolvidos, mantendo diálogo entre eles e com as comunidades locais. “Quanto mais próximo a gente fica da comunidade, melhor para os nossos alunos, melhor para gente, é um estímulo às nossas atividades”, avalia Lívia Sá Barreto, coordenadora do Polo da Cidade Estrutural. “Eu acho que há sempre a troca. A comunidade vai ser beneficiada, mas a gente também vai ser beneficiado.”
Lívia, que é professora da Faculdade UnB Ceilândia, desenvolveu o projeto Covid - colaboração para a vida ao longo do ano de 2021, com atividades nos Polos do Recanto das Emas e Paranoá, além da Estrutural. Com o retorno das atividades presenciais, ela espera ver os alunos interagindo com a população. O Polo da Estrutural deve desenvolver atividades no Centro de Múltiplas Funções. Para a coordenadora, é uma localização estratégica com grande circulação de pessoas.
Para conseguir o espaço físico para os Polos, a necessidade de diálogo com o setor público é grande e as parcerias são importantes. Além do Centro de Múltiplas Funções, os Polos do Recanto e do Paranoá já tem espaço para funcionar. No caso de Alto Paraíso, há uma parceria com o Centro UnB Cerrado, e na região Kalunga, a UnB busca uma parceria com a prefeitura de Cavalcante para o uso do prédio da Universidade Aberta do Brasil (UAB).
Um dos contatos da UnB com a prefeitura é Maria Lúcia Martins, conhecida como Malu. Ex-aluna da UnB, Malu é Secretária de Igualdade Racial e da Mulher da Prefeitura de Cavalcante. O Polo Kalunga tem 15 projetos aprovados para serem desenvolvidos na região. Um deles, Diálogos de Saberes Interculturais Quilombolas, é uma parceria com a Secretaria de Igualdade Racial.
“A atuação da UnB tem uma grande contribuição, por estar trazendo projetos que possibilitam ingresso de estudantes e incentiva a pesquisar sobre a história e os problemas do município”, diz Malu.
Elizabeth Maria Mamede da Costa, a Betinha, ressalta que a relação da UnB com a comunidade Kalunga é antiga e foi potencializada com a Licenciatura em Educação do Campo (LEDOC). “O Polo consolida a relação com a comunidade Kalunga, que muitas vezes foi pulverizada. É a primeira vez que isso está sendo discutido de forma ampla na UnB. Entendemos que era necessário ampliar, e o Polo permite o diálogo entre a UnB, como instituição, e a comunidade”, diz a professora da Faculdade UnB Planaltina.
Ela foi eleita coordenadora do Polo por unanimidade. “Neste momento, o Polo precisa de alguém operacional, para poder estruturar as metodologias, mas também alguém que consiga penetrar na comunidade. Acho que serei uma boa mediadora nesse sentido”, avalia.
EDITAL – Para fomentar as ações de extensão nos Polos, o DEX publicou cinco editais de apoio no início deste ano, em janeiro. Os projetos aprovados receberam bolsas no valor de R$ 400 mensais, pelo período de até nove meses, com vigência a partir de abril de 2022 e término em dezembro de 2022.
Nesta quinta (14), o DEX lançou um edital voltado especificamente à Rede de Polos. Podem concorrer os cinco Programas de Extensão que compõe a REPE. Cada programa selecionado receberá uma bolsa de extensão no valor de R$ 400,00, pelo período de até 8 meses, de maio até dezembro de 2022. Os bolsistas devem ser selecionados por processo de seleção público.
As inscrições devem ser realizadas pelos coordenadores dos programs entre 19 e 22 de abril. O resultado provisório deve ser divulgado no dia 26, com período para recursos. O resultado definitivo será publicado no dia 28 de abril. A seleção de bolsistas deve ser realizada até 5 de maio. Leia o edital completo.