Objetivo é orientar a população quanto aos riscos da automedicação para tratamento da doença

Iniciativa defende uso racional de medicamentos para tratamento de sintomas de doenças como a covid-19. Imagem: Divulgação

 

A propagação de notícias falsas tem sido um problema constante nos últimos tempos, sobretudo com a rápida difusão de conteúdo por meio das mídias sociais. Com a pandemia de covid-19, essa questão tornou-se ainda mais delicada, tendo como consequências graves a desinformação e a disseminação de boatos que podem colocar em risco a vida de milhares de pessoas.

 

Como forma de combater a repercussão de notícias falsas relacionadas ao enfrentamento ao novo coronavírus, integrantes do grupo de pesquisa Acesso a Medicamentos e Uso Responsável (AMUR), da Faculdade UnB Ceilândia (FCE), iniciaram o projeto de extensão Infecção por coronavírus: informação objetiva e precisa é o melhor remédio. O objetivo principal é elaborar e divulgar informações terapêuticas, sobre medicamentos e cuidados com a saúde para orientar a população em geral quanto à contaminação pelo Sars-CoV2.

 

"O nosso grupo de pesquisa acredita que a informação objetiva e precisa são aspectos fundamentais para que os medicamentos sejam utilizados de forma mais racional, isto é, o medicamento certo, na dose certa, tomado de forma correta, durante um tempo correto e por um paciente certo, com menor custo possível", afirmou a coordenadora do projeto e professora do curso de Farmácia da FCE, Emília Vitória da Silva. 

 

"Por conta da pandemia do Sars-CoV2, a desinformação e as notícias falsas estão surgindo de forma muito rápida e exagerada. Neste contexto, portanto, é importante contrapô-las com informação fundamentada em evidência", continua. Emília Vitórria alerta também sobre os perigos da automedicação e de notícias falsas sobre o tratamento do novo coronavírus.

Professora Emília Vitória da Silva, do curso de Farmácia, atenta para os riscos da disseminação de notícias falsas sobre o novo coronavírus. Foto: Arquivo pessoal

 

"Sabe-se que a informação que chega ao paciente orienta o seu autocuidado e, também, como ele se relaciona com sua doença, utiliza os medicamentos, etc. No caso de uma pandemia como a da covid-19, uma fake news envolvendo um tratamento para a doença pode levar ao uso de uma substância nociva ao organismo, ou mesmo fazer com que o paciente se sinta protegido e negligencie os cuidados para a prevenção da doença", observa a professora.

 

ORIENTAÇÃO – Desde o avanço da disseminação da doença, vários medicamentos foram indicados por alguns setores da sociedade como potenciais no combate à covid-19. No entanto, até o momento, não há qualquer medicamento homologado com eficácia contra a doença.

 

Uma das preocupações dos integrantes do AMUR tem sido a popularização do uso de medicamentos, como a cloroquina, a hidroxicloroquina – empregados principalmente em pacientes com lúpus e artrite reumatoide – e a ivermectina – medicação contra vermes e parasitas – para sintomas da covid-19. 

 

Nenhum desses remédios teve ação cientificamente comprovada contra o Sars-CoV2 e ainda podem causar sérios efeitos colaterais nos pacientes, agravando a condição clínica. Por isso, os pesquisadores têm se dedicado à produção e ao compartilhamento de materiais informativos, como cartazes virtuais, com orientações sobre esses medicamentos.

 

A professora Emília da Silva aponta a importância de apresentar essas informações a amplo público, sobretudo com o uso das redes sociais, por onde circula boa parte das fake news. "A divulgação dos panfletos do projeto de extensão é feita pelas redes sociais, desde WhatsApp pessoal dos participantes até Facebook e Instagram do grupo de pesquisa AMUR. Especificamente os panfletos da cloroquina e ivermectina tiveram uma disseminação bem ampla, com diversos compartilhamentos", afirma.

 

Integrantes do projeto produzem materiais alertando sobre o uso de certos medicamentos contra a covid-19. Imagem: Divulgação

 

Para conter as notícias falsas envolvendo a pandemia, a professora sugere o repasse de informação correta e precisa. "De acordo com alguns especialistas em fake news, a melhor forma de combatê-las é divulgar a informação com acurácia, inundando os meios de comunicação e as redes sociais com material informativo elaborado e fundamentado na melhor evidência possível."

 

"O projeto de extensão é o melhor remédio com essa motivação. Ademais, há o aspecto de formação dos futuros profissionais de saúde, que tendo contato com esse processo na Universidade, pode levar esse comportamento para o seu trabalho", ressalta Emília da Silva.

 

A professora aponta o impacto positivo que a divulgação das informações elaboradas pelo projeto pode trazer à população como um todo. "Os professores e estudantes estão empenhados em elaborar e disponibilizar material educativo para a população em geral. Teoricamente, a difusão de informação isenta e fundamentada em evidências pode levar à prevenção da transmissão do vírus e à promoção do uso racional de medicamentos", salienta.

 

A coordenadora do projeto finaliza: "Não obstante, os pesquisadores têm consciência da importância da avaliação do impacto desse material junto à comunidade, principalmente se é compreensível ao público leigo e se é modificador de condutas. Essas lacunas poderão ser sanadas com futuras pesquisas, realizadas por estudantes de pós-graduação".

 

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