Programação nas Faculdades de Planaltina, Ceilândia e Gama mistura diversão, aprendizado e reflexões. Comunidade externa aproveita para conhecer a UnB

Professor Rodrigo Santucci explica a alunos de escola pública de Planaltina detalhes sobre a descoberta do fóssil de um dinossauro. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

Um enorme bloco rochoso, com mais de dez toneladas, desperta a curiosidade de estudantes de escolas públicas que circulam pela Faculdade UnB Planaltina (FUP). A princípio, o material não parece merecer tanta atenção, mas o que está entalhado ali explica o motivo do alvoroço da garotada: trata-se de um fóssil de dinossauro.

 

Aos poucos, partes da ossada do animal são percebidas em meio aos sedimentos. Um pedaço da costela, uma grande porção das vértebras, uma pontinha do quadril. Tudo é observado pelas crianças com interesse, o que também instiga algumas perguntas. “Quantos metros ele tinha? Há quantos anos viveu?” Quem tenta dar as respostas é o professor do curso de Ciências Naturais Rodrigo Santucci, responsável por recepcionar os estudantes durante a visita.

 

O exemplar pertence à família dos titanossauros e foi descoberto em 2009, na cidade de Marília, em São Paulo. Estima-se que teria cerca de 15 metros de altura e tenha vivido há mais de 70 milhões de anos. A rocha com o fóssil foi trazida para a FUP em 2015, a pedido do diretor do Museu de Paleontologia de Marília, Wiliam Nava, amigo do professor Santucci. Hoje, ela está em fase de preparação para que o esqueleto seja isolado e, futuramente, se torne objeto de pesquisas.

 

A visitação do fóssil é apenas um dos atrativos da Semana Universitária 2018. O evento faz parte do calendário acadêmico da Universidade de Brasília e oferece atividades de integração das comunidades universitária e externa, em todos os campi da instituição. Até sexta-feira (28), o público pode participar de exposições, oficinas, mostras, cursos, feiras, apresentações de pôsteres, atividades lúdicas e outras iniciativas no Darcy Ribeiro, em Ceilândia, no Gama e em Planaltina.

 

Na FUP, as 50 ações de extensão oferecidas miram, sobretudo, a interação propiciada pela aproximação de escolas da região. Mais de 600 estudantes da rede pública de ensino já passaram pelo campus na segunda (24) e terça-feira (25) para conhecer um pouco do que a Universidade faz.

 

Késia Soares, aluna do 6º ano do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 08 de Planaltina, se empolgou com as práticas experimentadas. “Nunca tinha visto um fóssil de perto. Ficamos na sala de aula todos os dias, mas quando vamos para a Universidade nos abrimos para novas oportunidades”, reconhece.

 

A vivência também é elogiada pelos docentes das escolas, que enxergam no contato com a Universidade potencial de aprendizado. “Na sala de aula, temos, às vezes, um horizonte muito limitado. Essas atividades nos ajudam muito, porque os alunos saem da teoria, conhecem a Universidade e percebem que é um local feito para eles”, avalia Rosângela Terêncio, professora de Ciências.

As estudantes Sílvia Ferreira e Brenda da Silva compartilham experiências sustentáveis do projeto Biogama FUP. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

DIVERSÃO E APRENDIZADO – Em uma breve caminhada pelo espaço, há muito a ser observado. Na II Feira de Ciências Agroecológica e Feira da Sociobiodiversidade, produtos de pequenos agricultores e experiências agroecológicas desenvolvidas por estudantes do curso de Licenciatura em Educação do Campo e Ciências Naturais estão disponíveis em estandes, para comercialização e conhecimento do público.

 

Conscientizar a população sobre os danos ao meio ambiente causados pelo descarte indevido do óleo de cozinha é objetivo do projeto Biogama FUP, uma das iniciativas com estande nas feiras. De forma prática, o projeto propõe o reaproveitamento do resíduo na fabricação de produtos como sabão para limpeza pesada e velas. Segundo a estudante de Ciências Naturais Sílvia Ferreira, a medida contribui para reduzir a poluição dos rios, onde, muitas vezes, são lançados esses rejeitos.

 

“Um litro de óleo descartado pode poluir 25 litros de água. É muita coisa. Ao reaproveitá-lo, além de ajudar o meio ambiente, você pode estar tirando uma renda extra ou economizando”, explica Sílvia. O projeto recebe doações de óleo de cozinha usado em pontos de coleta na FUP e na Faculdade UnB Gama (FGA).

 

A poucos metros dali, um planetário inflável, montado no prédio da Unidade Acadêmica (UAC), torna a experiência de olhar para o céu mais divertida. No teto da estrutura, projeções de planetas, estrelas, constelações e outros fenômenos astronômicos visíveis da Terra deslumbram dos mais jovens aos mais velhos.

 

A atividade é parte do projeto Escolas nas Estrelas, voltado para a divulgação lúdica do conhecimento sobre astronomia. Coordenada pelo professor de Ciências Naturais Paulo Eduardo de Brito, a iniciativa, que em 2018 completa dez anos, também oferece oficinas, palestras e outros experimentos relacionados à temática.

Em meio à escuridão, alunos observam projeções que ensinam um pouco mais sobre astronomia e, aos poucos, iluminam o planetário inflável. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

“A astronomia e a cosmologia são áreas do conhecimento que incitam a curiosidade dos jovens, porque eles começam a olhar para as estrelas e perguntar o que estão vendo”, observa o docente.

 

FCE E FGA – Acadêmicos e público em geral também movimentam as Faculdades de Ceilândia (FCE) e do Gama (FGA) durante a Semana Universitária. Entre as atividades previstas, duas serão promovidas pelo projeto de extensão Viver sem Limites em Corpos que Interagem com Tecnologias (Vivetec), da FCE.

 

A primeira acontece na quinta-feira (27), das 14h às 18h, no Hospital de Apoio de Brasília. Integrantes do projeto e participantes da atividade visitam o local para difundir o esporte adaptado a pessoas com deficiência e levar inovações e tecnologias no assunto a pacientes e seus familiares.

 

Coordenador da atividade, o mestrando em Ciências e Tecnologias em Saúde David Lobato destaca que o objetivo de esclarecer benefícios dessas práticas para a qualidade de vida de pessoas com deficiência, além de romper com o estereótipo de fragilidade ao qual elas são relacionadas. “Muitos deficientes físicos só ganham coragem para colocar a cadeira de rodas na rua quando começam a praticar esportes, porque se sentem mais seguros. O esporte é um mecanismo facilitador para reincluir essas pessoas na sociedade”, avalia o mestrando.

 

O Vivetec também promoverá uma visita ao Centro de Ensino Especial (CEE) 01 de Brasília, que atende alunos com deficiências severas, na sexta-feira (28), das 13h30 às 17h30. Quem participar poderá conhecer a rotina dos estudantes e o funcionamento da escola. “A ideia é tentar mostrar que esses alunos têm capacidade de produção artística, pedagógica, cultural e esportiva dentro de suas limitações e que são sensíveis às situações que os rodeiam”, afirma David.

 

Conheça o Vivetec: https://www.youtube.com/watch?v=Kdg46cYR0SM

Desigualdade de gênero é assunto da roda de conversa Mulheres e desafios enfrentados na engenharia, que acontece na sexta-feira (28), das 9h às 12h, na FGA. Ministrada pelas estudantes Adrianne Alves e Ana Paula Gomes, dos cursos de Engenharia de Software e Engenharia Eletrônica, respectivamente, a atividade foi pensada em razão dos desafios vivenciados por elas no espaço acadêmico.
“Não éramos ouvidas nos ambientes em que havia um grande número de figuras masculinas. Somente quando aconteciam situações catastróficas é que percebiam e reconheciam a nossa contribuição”, compartilha Adrianne Alves. A estudante destaca como a presença reduzida de mulheres em graduações das áreas de exatas é assunto que deve suscitar reflexões. Na própria FGA, por exemplo, apenas 21,5% do corpo discente é composto por mulheres.
“Parte do motivo é cultural. O estigma de que engenharia é para homens e meninas devem brincar de boneca e casinha esteve presente na infância que tivemos. Além disso, vivemos hoje reflexo de uma construção profissional diferenciada”, argumenta a estudante. Para ela, a discussão pode contribuir para que mulheres identifiquem situações de desigualdade e possam se posicionar. 
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