Com objetivo de fortalecer a produção audiovisual negra e premiar produtoras e cineastas, começou nesta segunda (21) o I Encontro de Cineastas e Produtoras Negras, parte da programação do Interconexões, evento em parceria da Universidade de Brasília com a Fundação Cultural Palmares (FCP).
A mesa de abertura contou com a presença de Erivaldo Oliveira, presidente da FCP, Iracilda Pimentel, Diretora de Desenvolvimento Regional e Integração Social do Decanato de Extensão (DDIR/DEX), Edileuza Penha de Souza, professora da UnB, João Batista da Silva, da Secretaria de Audiovisual do Ministério da Cultural (SAV/MinC), Viviane Ferreira, cineasta e presidente da Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro e Carolina Costa, da Agência Nacional de Cinema (Ancine).
A professora Iracilda Pimentel destacou a importância de discutir a presença feminina e negra no cinema, por ser um meio ainda muito machista. “Uma mostra de mulheres negras fazendo cinema é um marco”, diz.
Para Erivaldo Oliveira, combater o racismo em todas suas faces passa por divulgar a cultura negra: “Temos que formar mais diretores, roteiristas, temos que empoderar nosso povo. Precisamos levar para escolas a cultura afro-brasileira”.
João Batista da Silva ressaltou a relevância do edital afirmativo do Ministério da Cultura que permitiu a realização de alguns dos filmes exibidor na Mostra Competitiva. “Estamos criando novos editais enfatizando tanto a questão de gênero quanto racial porque entendemos que a política do audiovisual precisa envolver o empoderamento, para que se construa uma sociedade mais igualitária. Queremos que essa política afirmativa seja constante”, afirma.
As participantes da I Mostra Competitiva de Cinema Negro “Adélia Sampaio”, Viviane Ferreira e Flora Egécia, também participaram do debate após a exibição do filme “Alma no Olho”, de Zózimo Bulbul.
Viviane destacou a forma política como o cineasta, considerado o pai do cinema negro, utilizou a ferramenta cinematográfica em filme que trata da subjetividade negra. “Existe um sentimento de ansiedade de contar nossas próprias histórias. Esse momento protagonizado por mulheres negras é um aprimoramento desse processo”, diz. Flora condenou a pequena presença negra em festivais. “Temos que fazer nossa própria mídia, nossa própria mostra. Estar nesse mercado é muito difícil para nós”, criticou.