Projeto de extensão da UnB, a Universidade do Envelhecer (Uniser) promove o Concurso Voa: prêmio literário para a maturidade UniSER/UnB. A seleção reúne textos no gênero narrativo conto, que são lançados em livro virtual. A publicação da primeira edição, referente a 2022-2023, com o tema Re/significar a vida em tempos de pandemia já está disponível para a comunidade.
>> Leia aqui a seleção de contos da edição 2022-2023 - Prêmio Literário para a Maturidade
Durante a primeira edição do Concurso Voa, 68 pessoas inscreveram-se e, ao final do processo, 32 contos foram selecionados para fazer parte do livro. Na edição seguinte, 2023-2024, mais de cem inscrições foram contabilizadas. O concurso é baseado nos estatutos do Idoso (Lei nº 10.741/2003), da Igualdade Racial (Lei nº 12.288/10) e da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015) e na Lei de Cotas do Serviço Público Federal (Lei nº 12.990/2014).
Segundo o coordenador do concurso, o professor Renato Rezende (IL/UnB), o livro da segunda edição do concurso, a 2023-2024, deve ser publicado entre agosto e setembro. Sobre a terceira edição, há expectativa de o edital de seleção ser lançado ainda este ano.
COMO FUNCIONA – A seleção ocorre por meio de edital, e os contos podem ser enviados nas modalidades escrita, oral e na Língua Brasileira de Sinais (Libras). “Na categoria escrita, o conto pode ser digitado ou manuscrito, para alcançar pessoas sem computador e que escrevem à mão. Nesse caso, foram criados parâmetros para o envio, com especificações da quantidade de palavras e páginas. O formato oral foi inserido pelo desejo de, eventualmente, receber contos de pessoas não alfabetizadas, em termos de letramento escolar. E a terceira modalidade, Libras, é destinada às pessoas surdas", detalha Rezende.
O docente relembra que a gestão do Concurso Voa surgiu por convite da coordenadora fundadora da Uniser, Margô Karnikowski. “O concurso surgiu a partir da necessidade de visibilizar a diversidade dos envelhecimentos brasileiros, que é um processo social. E, no projeto, a equipe compreende essa mudança por meio da diversidade linguística”, ressalta Rezende.
O concurso é ligado à Uniser, que aborda o envelhecimento humano com ações de inclusão para pessoas com mais de 45 anos. Nela, os participantes recebem incentivo à produção artística, participação em palestras e experimentos em gamificação. O projeto de extensão também possui o curso de educador político-social em Gerontologia.
O coordenador do concurso explica que no projeto Voa atuam docentes da UnB e membros da comunidade Uniser, que lecionam para pessoas com mais de 45 anos. “O curso promove a intergeracionalidade, pois os que ainda não são idosos conseguem enxergar a velhice que logo se iniciará, e estabelecer um convívio com as pessoas idosas”, aponta.
CULTURA PARA A MATURIDADE – Renato Rezende explica que uma águia foi selecionada para ser o símbolo que representa o edital do Concurso Voa: o animal carrega o emblema do renascimento no momento que alcança a maturidade. “Quando essa ave atinge metade da vida ela se recolhe para trocar penas e garras. Depois retorna a voar, alçando voos maiores."
O coordenador do concurso também destaca a relevância da discussão da pessoa idosa como sujeito que produz e consome cultura. “A sociedade inicia o debate sobre esse direito agora, e isso é necessário. Aí está a importância do projeto, que aborda o direito à educação da pessoa idosa junto ao vestibular 60mais da UnB”, aponta Rezende.
“Somos uma sociedade que não está preparada para o próprio envelhecimento, e a melhor forma de promover a educação nesse cenário é a partir da perspectiva do indivíduo, do autocuidado em saúde permanente e visível”, completa.
O Vestibular 60mais da UnB é destinado a pessoas idosas com 60 anos ou idade superior para preencher vagas extraordinárias nos cursos de graduação. A avaliação acontece por meio de prova de redação em língua portuguesa.
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Rezende enfatiza que o vestibular para pessoas idosas propicia a intergeracionalidade. “Do ponto de vista individual, promove educação para a juventude, pois insere a convivência entre discentes jovens e idosos, ambos com o mesmo direito. Do ponto de vista macro, essa ação pode se tornar uma grande política pública. E a UnB é pioneira ao lançar essa perspectiva com possibilidade de replicar em outras universidades e institutos federais”, conclui.
*estagiária de Jornalismo na Secom/UnB.