No Instituto de Relações Internacionais, roda de conversa destacou principais desafios vividos por ativistas

Tania Cerqueira, Nathalia Cavalcante, Vitória de Brito, Emanuele Tuyuka e Maria Valentina Passador: comunidade envolvida nas atividades da Semana Universitária. Foto: Bianca Oliveira/FAC

 

O Instituto de Relações Internacionais (Irel) promoveu, na terça-feira (26), uma roda de conversa sobre o tema Desmatamento e Mulheres Indígenas, reunindo estudantes das áreas de ciências sociais, mulheres indígenas e entusiastas do meio ambiente para discutir o papel fundamental das mulheres na preservação ambiental em meio à questão do desmatamento.

O evento teve como protagonistas as mulheres indígenas. Aconteceu de forma híbrida, com a presença de seis palestrantes ativistas: Bianca Katcherie, Loyanna Santana, Time Huni Kuin, Tânia Cerqueira, Ywmalay e Emanuele Tuyuka. O debate destacou a importância de reconhecer e celebrar a contribuição das mulheres na luta contra o desmatamento, em prol da sustentabilidade ambiental.

Assim como o tema da 23ª Semana Universitária – O futuro é feminino –, a palavra “futuro” foi bastante enfatizada para refletir a respeito do desmatamento. “Que esta roda de conversa nos inspire a buscar soluções conjuntas para proteger as riquezas das florestas e dos territórios indígenas. Nós não estamos só pensando agora, no presente, mas principalmente no futuro”, disse Ywmalay, integrante da comunidade Pataxó.

A conversa trouxe a oportunidade de discutir as tomadas de decisões em diferentes esferas da vida: política, saúde e meio ambiente. Cada palestrante teve a oportunidade de mostrar perspectivas sobre os impactos do desmatamento em seus territórios. O processo tem influência direta nas comunidades indígenas, destruindo territórios e meios de subsistência. Como resultado, a perda de conhecimentos tradicionais e culturais, além de problemas de saúde relacionados à degradação do ambiente.

Ywmalay afirmou que "o desmatamento em territórios indígenas é uma questão de profunda complexidade". Afeta a vida de todas as pessoas. "Quando falo, falo segundo as minhas vivências, como alguém que já sofreu e que hoje enfrenta desafios ainda maiores.” Ywmalay apontou os principais resultados negativos do processo: perda da biodiversidade, erosão do solo, mudanças climáticas. "Acima de tudo, impacta nas habilidades das comunidades indígenas de viver em harmonia com o meio ambiente."

Emanuele Tuyuka fala sobre a importância da liderança feminina em organizações ambientais, em atividade promovida pelo Irel na Semuni 2023. Foto: Bianca Oliveira/FAC

 

As mulheres indígenas, detentoras de um conhecimento profundo das florestas e dos recursos naturais, desempenham papel essencial na preservação do meio ambiente. Suas práticas tradicionais de manejo sustentável da terra frequentemente relacionam aspectos culturais e ecológicos. Para Tania Cerqueira, ativista e integrante da comunidade Krahô, a Terra é uma mãe. “O planeta é uma mulher, uma mulher que gera e mantém a vida. Como mulher e mãe, a Terra protege e cuida. E o que os filhos estão fazendo com essa mãe?”, provocou.

Time Huni Kuin, uma das lideranças do povo Huni Kuin, destacou o papel vital que as mulheres desempenham na preservação dos ecossistemas locais, enfatizando seu compromisso com a sustentabilidade e a transmissão desses valores para as futuras gerações. “As mulheres vivem da caça e do artesanato. Não vou deixar morrer minha ancestralidade, que prezo muito.”

Segundo as participantes do encontro, à medida que lutam para proteger terras e culturas, as mulheres indígenas enfrentam ameaças significativas: violência, criminalização e perda de território. Para reverter esse quadro, a importância da liderança feminina em organizações ambientais e comunitárias foi enfatizada, destacando como as mulheres já estão moldando políticas e programas para enfrentar as questões ambientais.

Emanuele Tuyuka, estudante indígena, disse que atualmente "as mulheres são potências". Lembrou das quatro mulheres da bancada do cocar no Congresso Nacional e da ministra Sonia Guajajara, no Ministério dos Povos Indígenas. São exemplos de "avanços que não vieram de graça".

 

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*estudante de Jornalismo da Faculdade de Comunicação (FAC), sob supervisão do professor Sérgio de Sá

 

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