A Universidade de Brasília (UnB) carrega em sua base os valores pulsantes e inquietos de Darcy Ribeiro. O antropólogo, que idealizou a instituição para ser revolucionária e inclusiva, completaria cem anos de idade nesta quarta-feira (26). A reitora Márcia Abrahão, ao lado do presidente da Fundação Darcy Ribeiro, José Ronaldo da Cunha, e da decana de Extensão da UnB, Olgamir Amancia, compuseram a mesa de abertura do evento de celebração do centenário de Darcy, que aconteceu durante todo o dia no Beijódromo (Memorial Darcy Ribeiro).
Composto por apresentações de projetos editoriais — incluindo a nova edição da revista Darcy —, distribuição de livros, rodas de conversa, oficina de bordado, exposição de filmes, apresentação musical e até mesmo depoimentos de amigos e familiares do antropólogo, o evento resgatou a memória do que a UnB foi pensada para ser, é e deseja alcançar, homenageando a história e a luta de seu idealizador. “Hoje celebramos o centenário de Darcy Ribeiro e, com isso, todo o ideário, todo o trabalho e tudo o que foi pensado e sonhado por ele, e por nós também, para o Brasil e para a América Latina”, disse José Ronaldo da Cunha.
A reitora Márcia Abrahão afirmou que o espírito criativo de Darcy está presente na Universidade de Brasília até os dias de hoje. É por isso que o slogan escolhido para a comemoração dos 60 anos da UnB foi Atuante como sempre, necessária como nunca, fazendo referência ao conceito de universidade necessária tão defendido pelo antropólogo.
“A UnB é ousada, humanizada, pensada para estar à frente de seu tempo. É essa a formação que damos para nossos estudantes. Somos uma universidade que não abre mão da democracia. Somos a universidade que, como dizia Darcy, não queriam que existisse, mas nós existimos e resistimos, e hoje somos uma das melhores instituições do Brasil e da América Latina. Esse é o legado dele”, ressaltou a reitora.
Já a decana de Extensão, Olgamir Amancia, denominou “emblemático para nós e para o Brasil” o dia 26 de outubro. “Estamos comemorando o centenário daquele que não é apenas o fundador de uma universidade inovadora, mas também é marca da luta pela democracia em nosso país.” Olgamir destacou o diferencial da UnB em disseminar o pensamento de Darcy Ribeiro, que ia ao encontro da realização de uma universidade que desenvolve ciência e conhecimento, mas vinculada às necessidades e interesses da população. “Foi essa forma de pensar a universidade que possibilitou a atuação relevante da UnB no contexto da pandemia.”
DARCY Nº 28 – O novo número da Darcy, revista de jornalismo científico e cultural produzida pela Secretaria de Comunicação (Secom) da UnB, foi lançado no evento. A edição é uma homenagem ao antropólogo e a tudo o que ele valorizava. Ela tem como temática principal a saúde indígena, reverenciando todo o trabalho e ativismo de Darcy Ribeiro pela causa e trazendo fatos inovadores e atuais de temas tão caros ao antropólogo.
>> Leia a edição 28 da revista Darcy
A revista conta com um ensaio fotográfico inédito de um ritual, que já homenageou Darcy, do povo indígena Xingu. As reportagens do dossiê abordam a vulnerabilidade das comunidades em relação aos problemas de saúde causados pelo bicho de pé e a criação de um subsistema de saúde específico para a população. Há ainda uma entrevista com o primeiro indígena a receber o título de Doutor Honoris Causa da UnB, Ailton Krenak, que é escritor, ambientalista e filósofo.
“Com essa edição, temos um dossiê que pulsa a ciência de hoje. Entendemos que essa revista possui o espírito e o pensamento vivo de Darcy Ribeiro para homenageá-lo”, disse Vanessa Vieira, jornalista na Secretaria de Comunicação da UnB e uma das editoras da revista.
Confira programação da manhã do evento em celebração ao centenário de Darcy Ribeiro: