Reitoras Márcia Abrahão e Joana Angélica Guimarães, da Federal do Sul da Bahia, participaram do encontro Mulheres na Ciência, parte da Semuni

Debate Mulheres na Ciência fez parte da programação da Semana Universitária 2021 e trouxe reflexões e propostas para o futuro. Imagem: Reprodução Zoom

 

Mulheres pesquisadoras de diversas áreas do conhecimento participaram, nesta terça-feira (28), do debate Mulheres na Ciência, parte da programação da Semana Universitária. Primeira reitora da Universidade de Brasília, Márcia Abrahão destacou as ações tomadas em sua gestão para a melhoria de condições de permanência das mulheres na instituição.

 

“Nós criamos uma resolução sobre credenciamento e recredenciamento de docentes em licença-maternidade. E, antes de o CNPq mudar a política para estudantes de pós-graduação no Lattes, criamos na UnB o direito de as estudantes de pós-graduação terem a licença-maternidade”, relembrou.

 

O evento organizado pelo Decanato de Pesquisa e Inovação (DPI) e pelo Decanato de Extensão (DEX) também contou com a participação da reitora da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Joana Angélica Guimarães. Geóloga por formação, ela falou sobre preconceitos e tabus existentes sobre a presença das mulheres em seu campo de pesquisa e ensino, o mesmo da reitora Márcia Abrahão.

 

“No imaginário coletivo ainda permanece a ideia de que a mulher é aquela que tem que cuidar. E isso ainda dificulta nossa presença em espaços que são tidos como masculinos, como é o caso da geologia. Isso sem falar na questão dos assédios. Temos que vigiar como andamos, como falamos, o que usamos”, lamentou Joana Angélica, que implementou na UFSB política de cotas para mulheres nos cursos com menos de 30% de presença feminina.

 

Para Márcia Abrahão, é necessário tornar as políticas institucionais permanentes. “Encaminhamos uma proposta para transformar o Conselho de Direitos Humanos em Câmara de Direitos Humanos, de forma que se torne um órgão de direitos humanos permanente da Universidade, independentemente da gestão que venha a assumir”, exemplificou.

 

EXPERIÊNCIAS – O evento foi oportunidade de troca de experiências entre as convidadas: as professoras Jaqueline Mesquita, Hayeska Costa Barroso, Veronica Slobodian, Carla Maria Chagas, Silviane Bonaccorsi Barbato, Michéle Dal Toé Casagrande, Adriana Ibaldo, Susanne Maciel e Dione Oliveira Moura. Cada uma pôde apresentar perspectivas na própria área de atuação.

 

Jaqueline Mesquita, referência no estudo da matemática, compartilhou a falta que a representatividade faz em áreas do conhecimento com baixa adesão de mulheres. “Durante o curso de matemática eu sofri muita resistência, porque não era considerado uma ‘coisa de mulher’. Tive muita dúvida se eu estava no curso certo, porque eu tive poucas colegas e muito poucas professoras”, detalhou.

 

As áreas das ciências exatas e ciências da terra ainda são as que concentram a menor presença de mulheres.

 

Na UnB, as mulheres são apenas 20,4% dos estudantes nas engenharias do Gama; 36,4% nas engenharias da Faculdade de Tecnologia; 20,2% nos cursos do Instituto de Ciências Exatas.


No entanto, observadas todas as áreas do conhecimento, de um total de 607 grupos de pesquisa certificados da UnB, 323 são liderados por mulheres, o que representa 53% do total. Elas também são maioria nos projetos de pesquisa, inovação e extensão de combate à covid-19. De um total de 203 projetos aprovados, 105 são coordenados por mulheres.

 

Ao final do encontro, as participantes decidiram compartilhar dados dos projetos de pesquisa e informações apresentadas pelas pesquisadoras convidadas, a fim de dar visibilidade e reconhecimento aos trabalhos realizados por elas. Também foi sugerida a realização de uma conferência de mulheres da UnB, para ampliar o espaço de escuta para outras mulheres que não estiveram no evento.

 

“Podemos colaborar e criar pequenas ações com os trabalhos de cada uma que apresentou aqui. Podemos fortalecer nossas redes de forma produtiva”, afirmou a decana de Pesquisa e Inovação da UnB, Maria Emília Walter.

 

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