Participação feminina em programas como Ciência Sem Fronteiras e Capes Print fortaleceram intercâmbio com outras Universidades

Para consolidar sua posição como uma das melhores instituições da América Latina, a Universidade de Brasília tem investido na internacionalização. Como parte da programação especial do Mês da Mulher, o Decanato de Extensão da UnB realizou o evento “Entre livros e sonhos: mulheres rompendo fronteiras nacionais”, com professoras e estudantes compartilhando suas experiências com a internacionalização. O evento pode ser assistido na íntegra no canal da Extensão no YouTube.

 

 

A mediação ficou a cargo da Reitora da Universidade de Brasília, Márcia Abrahão, que teve experiências internacionais tanto no doutorado, com período sanduíche na França, como no pós-doutorado, realizado no Canadá. Ela destacou que a UnB tem feito um trabalho muito forte para a internacionalização, que está entre as melhores da América Latina. “Mesmo com dificuldade, como a redução do incentivo a pesquisa, temos conseguido ampliar”, avaliou.

 

Além do doutorado sanduíche na Dakota do Norte, nos Estados Unidos, a bióloga Caroline Greve também é servidora do Decanato de Pós-Graduação da UnB, e trabalha em primeira mão com o Programa de Internacionalização da UnB - Capes PrInt.

 

"Apesar de não trabalhar mais com pesquisa, a experiência foi muito importante pelo contato que tive com pesquisadores que eram referência”, ela relembra. “Botei rostos e vozes nas minhas referências bibliográficas”.

 

Caroline trouxe dados sobre a participação feminina no Programa Capes PrInt, que tem como objetivo a formação de uma rede de pesquisa internacional. Trinta programas de pós-graduação da UnB, com notas entre 5 e 7, participaram do edital, que foi interrompido pela pandemia. Mesmo assim, 256 bolsas foram implementadas a partir de 2019. Dessas, 48% foi destinada a mulheres. O desequilíbrio está no número de professores visitantes que são convidados para vir ao Brasil, em sua maioria homens. No caso de bolsas para docentes e discentes da UnB, 59% foi destinada ao público feminino.

 

A professora Ana Laura dos Reis Corrêa, do Departamento de Teoria Literária e Literaturas da UnB não conseguiu, por muito tempo, sair do país. Ela concluiu o mestrado em 1991, e o doutorado em 2004, e com filhos pequenos e sem bolsa, não teve condições de estudar fora. Após mais de 20 anos de trabalho na UnB, ele teve oportunidade de passar seis meses na Argentina através do Programa Capes PrInt.

 

“Me possibilitou trabalhar de uma forma bastante integrada com um grupo de pesquisa da Universidade de Buenos Aires, cuja profundidade teórica é difícil de encontrar, e com o qual as nossas pesquisas da UnB têm bastante afinidade”, ela diz.

 

Trabalhando sátira e realismo na obra de Machado de Assis, em uma aproximação com a teórica crítica e estética de Marx e Lukács, a professora conta que sua experiência internacional significou amadurecimento intelectual e pessoal. “O que seria possível alcançar se a nossa organização social permitisse a mais mulheres e por mais vezes viver essa situação?”, questiona.

 

Com sua pesquisa sobre os usos da Aroeira-vermelha, planta endêmica do cerrado, Heidi Schulte, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Faculdade de Medicina da UnB, escolheu como destino o Instituto de Biologia Farmacêutica da Universidade de Basel, na Suíça.

 

“É uma Universidade extremamente internacionalizada, com pesquisadoras de várias nacionalidades”, ela explica. “Foi importante pra mim pois cada uma tinha um jeito de ver o mundo. Pude aprender muito, principalmente com minhas orientadoras, a Dr. Nova Syafni, da Indonésia, e a Dr. Maria Teresa Faleschini, da África do Sul”.

 

Atualmente bolsista de um Instituto que ajuda alunos de baixa renda com excelência acadêmica com aplicações para mestrado e doutorado nos Estados Unidos, Maria Licia de Lima participou do Programa Ciência sem Fronteiras. “Participei de um edital mas desisti perto do fim. Por sorte, encontrei pessoas que me mostraram que aquela oportunidade mudaria minha vida”, conta a estudante. “Tive oportunidade de participar de outro edital, e neste fui até o fim”.

 

Formada em Ciências Naturais e mestre em Ciências de Materiais pela FUP/UnB, ela foi para a Universidade da Califórnia (UCLA) por seis meses. “Tive que romper diversas barreiras, mas estudar fora me mostrou oportunidades que eu não sabia que poderia ter”, diz.

 

Em 2003, a professora Rosana Tidon teve sua primeira experiência com a internacionalização, quando já era titular do Departamento de Genética e Morfologia do Instituto de Ciências Biológicas da UnB. Na época, foi para a Universidade Harvard como professora visitante. Já em 2019, passou três meses na Universidade de Göttingen, na Alemanha, através do programa CAPES/PrInt.

 

“Das duas universidades, trouxe experiências que pude compartilhar com colegas e estudantes”, conta. “Nas aulas, recebo alunos e alunas que batalharam muito para chegar na UnB, me parece que muitos estão realizando um sonho”.

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