O processo de Inserção Curricular da Extensão – liderado pelo Decanato de Extensão (DEX), com apoio do Decanato de Graduação (DEG) – está próximo de ser finalizado na Universidade de Brasília (UnB). O objetivo é regulamentar a creditação de atividades de extensão como componente curricular nos cursos de graduação da Universidade de Brasília por meio da participação de estudantes em extensão universitária.
A expectativa é que a resolução elaborada por uma comissão mista de membros das câmaras de extensão e graduação seja apresentada ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) ainda este ano.
Assim, a UnB está mais próxima do cumprimento da meta 12.7 do Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê o mínimo de 10% do total de créditos exigidos para a graduação para programas e projetos de extensão universitária.
Em resolução publicada em dezembro de 2018, o MEC estabeleceu diretrizes para a inserção curricular da extensão nos projetos pedagógicos de todos os cursos de graduação.
“Esse momento representa um marco na história da extensão no Brasil, significa principalmente o reconhecimento da extensão como dimensão imprescindível da formação acadêmica”, avalia a decana de Extensão da Universidade de Brasília, Olgamir Amancia.
Para ela, as mudanças exigirão diálogo e respeito à identidade dos cursos, mas farão cumprir o princípio constitucional da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão (artigo 207): “Ao confirmar a necessária integração desse nível da educação com a sociedade, as diretrizes nacionais expressam o caráter democrático da educação superior”, complementa a decana.
O que significa inserção curricular da extensão?
A Extensão Universitária é parte fundamental da formação acadêmica, junto com o ensino e a pesquisa. Ela promove a interação transformadora entre as instituições de ensino superior e os outros setores da sociedade, por meio da produção e da aplicação do conhecimento.
Para aumentar a articulação entre ensino, pesquisa e extensão, os projetos pedagógicos dos cursos de graduação da UnB irão inserir atividades de extensão em no mínimo 10% de sua carga horária. Um dos objetivos é estreitar o vínculo da comunidade acadêmica com a população através, por exemplo, dos Polos de Extensão da Estrutural e do Recanto das Emas.
Quais atividades de extensão são válidas para conseguir créditos?
Diversas atividades formalizadas junto ao DEX e cadastradas no SIGAA poderão dar créditos aos estudantes: participação em programas e projetos de extensão, além de cursos, oficinas e eventos, desde que vinculados a projetos.
Disciplinas novas ou já existentes também podem ser integral ou parcialmente dedicadas à extensão.
Uma exigência fundamental é que o estudante deve ser protagonista da ação, não apenas ouvinte ou espectador. A ideia é que esteja registrado como membro de equipe ou matriculado em disciplina com crédito de extensão, reforçando o protagonismo do estudante.
Como será o processo de inserção curricular?
Esse processo foi iniciado em julho de 2018, com visitas da direção do DEX às unidades acadêmicas para introduzir o assunto e estimular a criação de colegiados de extensão. No fim de 2018, o MEC publicou uma resolução sobre o tema.
Ao longo de 2019, o DEX também realizou alguns eventos, como a palestra com Daniel Pansarelli, professor doutor da Universidade Federal do ABC (UFABC), ex-presidente nacional do Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior (FORPROEX) e ex-pró-reitor de Extensão da UFABC.
Depois da aprovação da Resolução da UnB pelo Cepe, será organizada uma comissão conjunta – com membros das câmaras de extensão e graduação – para elaboração de um “Manual de Creditação da Extensão na UnB”.
A ideia é que o material contenha sugestões de procedimentos para ajudar os Projetos Pedagógicos dos Cursos e exemplos de experiências bem sucedidas de creditação da extensão.
Como foi o processo de inserção curricular da extensão em outras Universidades?
Um exemplo bem sucedido é a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que aprovou sua resolução em outubro de 2019. A professora Benigna Maria de Oliveira, Pró-Reitora de Graduação, conta que a articulação e o diálogo entre as Pró-Reitorias de extensão e graduação foram imprescindíveis.
Assim como na UnB, uma comissão mista foi constituída e conduziu as discussões com os cursos de graduação. A participação estudantil através de vários canais de diálogo também foi importante. “Para implantação é fundamental que haja continuidade desse diálogo e efetiva participação dos estudantes”, avalia.
Um dos esforços foi para que a carga horária dos cursos não fosse aumentada. Alguns cursos já contavam com disciplinas relacionadas a atividades, e outros criaram disciplinas. Existe também a possibilidade de integralização de créditos por meio da participação em projetos de extensão.
“Já havia um trabalho de vários anos na UFMG no sentido de valorizar a dimensão acadêmica da extensão e fomentar a discussão sobre possibilidades para integralização de créditos por meio da participação dos estudantes nas atividades de extensão. Nesse sentido, a reação foi de pronto reconhecimento da importância de que a extensão estivesse efetivamente integrada aos currículos”, diz a professora.
Saiba mais: http://dex.unb.br/apresentacaodacurricularizacao