É de se pensar que, com a suspensão de todas as atividades acadêmicas presenciais da Universidade de Brasília, a extensão universitária tivesse parado de funcionar. Mas se engana quem pensa que os professores, técnicos e estudantes que fazem a conexão entre comunidade e universidade estão descansando.
Com as ferramentas que tem, diversos projetos de extensão continuam a propor atividades e auxiliar a comunidade no combate ao novo coronavírus (Sars-CoV2). Com reuniões virtuais com as alunas bolsistas, o trabalho do projeto Meninas.comp não parou.
Normalmente, a ideia é apresentar a área de computação para estudantes de ensino fundamental, com ênfase no mercado de trabalho e na área acadêmica. Porém, com a pandemia do novo coronavírus, o foco mudou.
Após um contato do Hospital Universitário de Brasília (HUB), o projeto de extensão começou a produção de protetores faciais descartáveis para auxiliar na luta contra a Covid-19, por meio de uma impressora 3D. Agora, elas esperam o arquivo de respiradores para iniciar a impressão de mais de 500 por dia.
“Tem sido incrível ver o empenho das meninas colaborando com pessoas que elas nem conhecem”, diz Aletéia Araújo, coordenadora do Meninas.comp. “Estamos notando que sairemos diferentes desta crise. Estamos preocupados com os outros, e isso é fundamental em todo projeto de extensão”.
Vestibulandos sem descanso – Sem saber se as provas de vestibular da UnB serão adiadas, o Projeto +EducAção continua as aulas de cursinho preparatório. Em ação há quatro anos, três deles como projeto de extensão da Faculdade UnB Planaltina, o curso oferece aulas gratuitas para estudantes de baixa renda da região.
Vítor Ullmann, estudante do último semestre de Ciências Naturais, é um dos criadores do projeto, e explica que tudo está sendo feito pela internet. A preparação das aulas é feita pelo Whatsapp, em um grupo em que os professores debatem ideias. As aulas são realizadas no Instagram, por meio de lives, e em uma plataforma de neuroaprendizagem chamada Seneca, onde os alunos fazem as atividades.
Enquanto as turmas presenciais costumavam ter 40 estudantes, as lives mantém 30 espectadores em média, mas Vítor conta que mais de 100 passam pela live de cada aula. “Vamos tentar alcançar mais pessoas com um plano de divulgação em massa”, conta.
Com isso, os extensionistas pretendem continuar a orientar os estudantes a ficar em casa e seguir as recomendações de prevenção à Covid-19. “Acredito que nesse momento de crise a extensão universitária ganha ainda mais peso junto à comunidade”, diz.
Leão de quarentena – Mesmo com quarentena, a Receita Federal pretende receber as declarações de Imposto de Renda no prazo, 30 de junho. E uma das ações do projeto Balcão Universitário, projeto de extensão do curso de Ciências Contábeis da UnB, pode ajudar a população.
Com a prorrogação em 60 dias para a entrega do IRPF, o projeto continua com atendimentos online, por Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo., para tirar qualquer dúvida. Antes, o atendimento também era realizado em locais como o prédio da FACE, na UnB, e o Shopping Conjunto Nacional, com alta circulação de pessoas.
Por enquanto, a demanda tem sido pequena, mas com a chegada do prazo final, a aposta é em mais dúvidas. Segundo Clesia Camilo Pereira, coordenador do projeto, são frequentes demandas sobre dependentes e rendimentos recebidos de pessoa física, como aluguéis e pensão alimentícia, assim como sobre lançamento de operações realizadas em bolsa de valores.
“Essa atividade possibilita ao contribuinte retirar suas dúvidas na elaboração da declaração do imposto de renda de pessoa física sem sair de casa, evitando a sua exposição de modo a contribuir com o esforço governamental de diminuir a propagação do Coronavírus”, explica Clesia Camilo Pereira, coordenador do projeto.
Saúde mental – Saúde mental e autocuidado são temas cada vezes mais importantes nas discussões da Universidade, e ganharam ainda mais relevância no momento de quarentena. Esses são dois eixos fundamentais para o projeto FEF Acolhe, da Faculdade de Educação Física da UnB.
O projeto tem sido mantido por meio de ações online, principalmente através do Instagram, que gera mais engajamento. Todos os dias, os extensionistas planejam diversas ações: transmissões ao vivo; vídeos; textos compartilhados ou até mesmo dicas de filmes para distrair a cabeça na quarentena.
Para ampliar as interações, eles planejam criar canais de escuta para entender o que a comunidade espera do projeto, e como tem se sentido no período de quarentena.
“A nós que tocamos o projeto, é igualmente positivo. Nos dá uma certa sensação de normalidade, e de que apesar de tudo nossa rotina ainda tem seus pedacinhos intactos. É psicologicamente importante termos tarefas e termos algo a que possamos adicionar, contribuir e colaborar”, reflete Marta Ziller, do terceiro semestre de Educação Física.