Realizado nos dias 23 e 24/09, evento permitiu troca de experiências entre estudantes de várias áreas e marcou conclusão de acordo entre UnB e MPT

A troca de experiências entre estudantes e professores de várias áreas do conhecimento foi o mote do I Encontro de Estudantes Extensionistas da Universidade de Brasília. Parte das atividades da 19ª Semana Universitária, o encontro foi realizado nos dias 23 e 24 de setembro. Mais de 250 projetos de extensão participaram com comunicações orais e exposição de banners. Os estudantes também elaboraram a Carta dos Estudantes Extensionistas da Universidade de Brasília, em plenária de encerramento.

O destaque do evento foi o cumprimento do edital do Programa Educação, Trabalho e Integração Social. O foco da iniciativa, lançada em junho de 2018, estava no desenvolvimento de ações e projetos que contribuíssem com trabalhadores de territórios e de populações em vulnerabilidade social do DF e do Entorno.

A iniciativa foi resultado de um acordo entre UnB e Ministério Público do Trabalho (MPT) para quitar multas remanescentes de contratos trabalhistas questionados no início da década. A elaboração do edital envolveu seis decanatos: DEX, DAF, DPI, DPG, DEG e DPO.

Soraya Marciano Silva de Carvalho, procuradora federal junto à Universidade de Brasília, foi uma das pessoas que trabalhou para o encerramento do processo. “Conseguimos firmar esse acordo, agora vamos apresentar o relatório final.”

À frente da negociação com o Ministério Público do Trabalho, Maria Lucilia dos Santos, decana de Administração (DAF), comemorou o cumprimento do edital. “É importante dar esse retorno à sociedade. São todas atividades muito interessantes, espero que se tornem permanentes”, manifestou.

Decana de Extensão (DEX), Olgamir Amancia agradeceu à equipe da Diretoria Técnica de Extensão (DTE/DEX), que operacionalizou o edital. “Extensão transforma a vida, o contexto social e econômico, independentemente da quantidade de pessoas alcançadas”, disse.

Diretor da DTE, Alexandre Pilati espera que o encontro, que expandiu a antiga Mostra Pibex, possa ser ainda mais bem sucedido no próximo ano. “O que se pode perceber foi a oportunidade de travar contato com estudantes de outras áreas do conhecimento e vivenciar uma experiência de pensamento a respeito do significado social da extensão a partir dos princípios do diálogo, da interdisciplinaridade e da interprofissionalidade”, disse.

TROCA DE EXPERIÊNCIAS – Durante as comunicações orais, os extensionistas puderam conhecer projetos de diversas áreas que fizeram parte do edital. O projeto Consciência fonológica, aprendizagem e música: interação do estagiário em Fonoaudiologia com crianças em alfabetização, coordenado pela professora Maysa Luchesi, utilizou a música como ferramenta para auxiliar a alfabetização de crianças.

Débora Ulhoa tocou projeto de extensão realizado junto a crianças em fase de alfabetização. Foto: Júlio Minasi/Secom UnB

 

Tudo aconteceu com a ajuda da ex-estudante de Fonoaudiologia Débora Ulhoa, que também é cantora e compositora. “Queria juntar meus conhecimentos do curso com a música, e compor canções com componentes da consciência fonológica”, explicou Débora.

Ao todo, as duas trabalharam com mais de 500 crianças em escolas e ONGs de Ceilândia, Samambaia e Taguatinga. O conceito trabalhado com as crianças envolve desde a percepção do tamanho e das semelhanças fonológicas entre palavras até a capacidade de dividir as palavras em sílabas e fonemas. As atividades buscam dar às crianças a consciência de como a palavra é formada. Mesmo antes da alfabetização, elas precisam ter noções de sons e sílabas.

Mais um projeto coordenado por Maysa Luchesi atendeu outro público: idosos da Asa Sul, Ceilândia e Samambaia. Para evitar doenças como o mal de Alzheimer, os extensionistas iam até as comunidades para conscientizar sobre estratégias de redução de fator de risco para a demência, estimulando a mente do público através de atividades cognitivas.

A construção de uma Horta medicinal e condimentar para promoção da saúde foi objetivo de Silvia Ribeiro de Souza, professora da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília.

Com auxílio de uma equipe de extensionistas e usuários da Unidade Básica de Saúde 01 do Itapoã, onde o projeto foi realizado, o projeto deixou uma horta cheia de plantas com propriedades fitoterápicas e outras prontas para a alimentação mantida e utilizada por moradores da comunidade.

E não foi apenas a Universidade que levou conhecimentos para a comunidade: a troca de saber foi grande, como contou Genilson Lima, aluno de Ciências Farmacêuticas da UnB. “A cada dia se descobrem novas aplicações para as plantas, muitas baseadas no conhecimento popular”, explicou.

Como parte do edital, vários professores da UnB foram convidados para promover atividades na penitenciária feminina do Gama. Assim surgiu o projeto Como escrever história de transformação de vida por meio da produção textual?

A professora Michelle Machado de Oliveira, do Instituto de Letras (IL), criou uma série de oficinas de redação para internas da penitenciária. Foram cinco encontros, com total de 10h de aulas. “Um tema muito trabalhado foi o empoderamento feminino. E nós tivemos retorno, elas interagiam muito e vimos várias vozes surgindo nos textos”, contou a docente.

 


LUGAR DA EXTENSÃO – O professor Márcio Florentino, da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), apresentou palestra sobre o lugar da extensão no desenvolvimento e na integração social. Segundo ele, o desafio é pensar qual o projeto de país, com a Universidade hoje em crise, tendo seu papel na sociedade questionado.

“Como tirar algo da periferia e trazer para o centro? Há uma dificuldade de entender a extensão na integralidade da formação, mas esse lugar é privilegiado”, disse. “Hoje nós vimos projetos de todas as áreas, é uma riqueza que a sociedade deveria acessar mais”.

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